segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mercado movimenta bilhões

Pessoas em busca da aparência perfeita fomentam setores de fabricação e venda de cosméticos, clínicas de estética e de cirurgia plástica

Diz a mitologia que Narciso acha feio o que não é espelho. Então, nada melhor do que dar uma mãozinha ao espelho cuidando da beleza. A procura pela perfeição, corpo, rosto e cabelo bonitos movimenta mais do que pessoas, fomenta indústrias, empresas e serviços que trabalham para encontrar uma fórmula secreta da juventude eterna, ou pelo menos da boa aparência. O mercado da beleza gira bilhões todos os anos. Somente na fabricação de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, R$ 24,9 bilhões foram comercializados em 2009 e expectativa é de que o mercado cresça em torno de 10% a cada ano, segundo estatísticas da Associação Brasileira de Indústria de Produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), que não possui dados detalhados por unidade da federação. Todo esse movimento é resultado da melhoria na renda dos trabalhadores.
Mas a busca pela beleza não se restringe a produtos, envolve serviços e profissionais cada vez mais especializados. De médicos a vendedores de artigos para tratamento de corpo e cabelo, todos precisam estar atentos às novidades e possibilidades para cada tipo de desejo e perfil de cliente. Na Solução Cosméticos, em Cuiabá, os promotores de vendas só vão para as lojas depois de passar pelo menos 30 dias em capacitação. Além disso, os profissionais fazem atualizações e cursos oferecidos pelos próprios fabricantes. O administrador da rede, que conta com 10 unidades, Afonso Pimenta, explica que os clientes são exigentes e não se pode admitir a venda incorreta ou recomendação equivocada porque compromete a aparência. "A clientela está por dentro de todas as novidades e procuram o produto certo para o seu tipo de pele ou cabelo. Imagine se recomendamos o produto errado?". Segundo Pimenta, o setor de coloração de cabelos é que tem a venda garantida e o tíquete médio gasto pelos clientes está entre R$ 40 e R$ 80.
Na clínica Ki Life a maior procura é por tratamentos vendidos em pacotes, ou seja, as pacientes pagam por um conjunto de procedimentos. A administradora da clínica, Jassanã Coutinho, explica que as intervenções para redução de medidas e de celulite são as mais vendidas e que não são só mulheres que vão à clínica. "Podemos dizer que a procura masculina aumentou 50% e cresce mais do que o movimento feminino. Os homens estão mais vaidosos e fazem tratamento para tudo, de gordura localizada a rejuvenescimento".
Para a esteticista Graciela Kardia Hirasaka o interesse pela profissão foi independente das expectativas de mercado. "Sempre gostei. Fui para o Japão e decidi frequentar a Escola Internacional de Estética e percebi que realmente era o que eu queria". De volta ao Brasil, ela dá continuidade aos estudos e trabalha em uma clínica em que atende por volta de 30 pessoas semanalmente. "O mercado é muito bom. Todo mundo quer ter uma boa aparência, podemos dizer que é uma "futilidade" necessária".
Futilidade não é bem o conceito que Sofia Lopes* aplica para o interesse em se cuidar. Segundo a veterinária, o desembolso é um investimento e o tempo gasto também é um momento de relaxamento. "Faço massagem diariamente para redução de medidas. As unhas são tratadas toda semana e uma vez por mês vou ao cabeleireiro", revela Sofia ao comentar que no final do mês os cuidados custam aproximadamente R$ 650, sem contabilizar os cremes e a cauterização capilar feita a cada 3 meses.
Porém, o corpo ideal pode extrapolar os limites dos cosméticos e dos serviços oferecidos nas clínicas e spas e muitas pessoas recorrem às intervenções cirúrgicas para alcançar a beleza almejada. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) realizada em 2008 aponta que 73% das cirurgias são plásticas/estéticas e que as demais são reparadoras/restauradoras. Na clínica de Jubert Sanches Cibantos Filho quase todos os procedimentos são voltados para plásticas com objetivo estético. "Não é a média do país, mas no meu caso, 99% das pacientes procuram por intervenções plásticas. Muito raramente há demanda por reparadoras". A colocação de prótese de silicone nos seios é o serviço mais procurado, seguido da lipoaspiração. As plásticas na face, como de pálpebra, nariz e orelha têm menos incidências". Ao todo são cerca de 20 cirurgias por mês.
A estudante Mariana Sousa* aumentou o tamanho da mama em novembro passado e segundo a jovem de 22 anos, o resultado foi ótimo e ela faria de novo se fosse necessário. "Por enquanto sou nova, mas se precisar mais tarde faço outra cirurgia. O resultado dessa me agradou muito, não tive problemas e a recuperação foi muito boa". Mariana pesquisou em várias clínicas e pagou R$ 8,5 mil pela mudança no visual.

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