terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Beleza com toque masculino

Cresce o número de homens que investem em salões de beleza e clínicas de estética

Ainda bastante concentrado no público feminino, o mercado de estética desperta cada vez mais a atenção dos homens, que começam não só a procurar os serviços como também a investir no setor como empreendedores. De salões de beleza a clínicas de estética e emagrecimento, passando por redes de franquias especializadas em depilação, cresce a presença de homens no comando de negócios antes dominados quase que exclusivamente por mulheres.
Enrico Damasceno Montes é um exemplo de empresário que apostou no potencial do setor de estética, investiu em atendimento personalizado e hoje vê seu negócio consolidado. Quando se formou em publicidade há dez anos, percebeu na clínica de sua mãe uma oportunidade de mercado. Foi assim que surgiu em São Paulo a Garagem Estética Masculina, que atende exclusivamente homens.
Com um discreto ambiente retrô, a clínica oferece serviços como massagem, limpeza de pele, depilação e pedicure. Os métodos dos tratamentos de beleza oferecidos por Montes não diferem dos de outros centros de estética. O grande diferencial, conta ele, é a exclusividade do público, o que deixa os freqüentadores mais confortáveis.
“Temos clientes que vêm aqui para tingir o cabelo porque não se sentem à vontade em outros cabeleireiros. Depois de um certo tempo, eles se acostumam e quando percebem já estão fazendo serviços como depilação”, diz Montes.

A Garagem Estética Masculina - que hoje fatura cerca de R$ 1,5 milhão por ano e entrará no segmento de franquias - já foi alvo de desconfiança no início. “Muita gente não levava a sério o negócio, até que superamos o preconceito e o país ficou mais aberto aos homens que se cuidam”. Hoje, boa parte dos novos clientes chega à clínica graças à propaganda boca-a-boca. Mas, apesar disso, Montes ainda observa uma certa reserva dos clientes em dias de grande movimento. “Quando a clínica está cheia é muito estranho porque fica todo mundo quieto. Muitos homens que fazem o dia do noivo são trazidos para cá pelas próprias noivas”, afirma.
Redes de franquias chefiadas por homens
O cirurgião plástico Edson Ramuth é outro empreendedor que apostou no segmento. Quando abriu sua primeira clínica em 1987, ele não fazia ideia da procura por tratamentos estéticos. A demanda foi tão grande que deu origem ao Emagrecentro, hoje segunda maior rede de clínicas de estética do País. A empresa conta com 180 franquias espalhadas pelo Brasil e fatura aproximadamente R$ 45 milhões por ano. “Temos crescido cerca de 50% ao ano e esperamos inaugurar outras 90 unidades este ano”, afirma Ramuth, que parou de fazer cirurgias há 10 anos para se dedicar à administração do negócio.
Especializada nos tratamentos com fotodepilação (sistema que elimina os pelos por meio do calor da luz), a rede de franquias D’Pil é outra gigante do mercado de estética chefiada por um homem. Criada no final de 2009 por Danny Kabiljo e um sócio, a D’pil tem atualmente 315 unidades em quase todos os estados brasileiros e pretende alcançar a marca de 700 franqueados até o final do ano. “Trabalhei no varejo, na construção civil e com franquias. Quando pensei em entrar no ramo de estética, fiquei um tanto inseguro em relação a preconceitos. Mas, diante de um mercado tão promissor, resolvi arriscar. Hoje metade dos franqueados da rede são homens”, diz Kabiljo.
Com um método indolor e mais duradouro do que os convencionais, a fotodepilação agrada principalmente ao público masculino. “Homens são mais suscetíveis à dor, o que torna nosso método bastante atrativo”, afirma o empresário.
Mão-de-obra masculina é escassa
Apesar do aumento da presença dos homens nesse segmento, ainda é raro encontrá-los como funcionários nas clínicas. Giovani Balvedi, proprietário de oito franquias da Emagrecentro, revela que a baixa aceitação do público e a falta de mão-de-obra masculina especializada são os principais entraves para a contratação de homens. “O segmento de estética ainda está muito voltado para mulheres e a cultura do País não é aberta a homens esteticistas. Por isso, é difícil a contratação. Em minhas unidades, só há mulheres como funcionárias”, afirma.
Balvedi reconhece, entretanto, que a procura do público masculino pelos tratamentos vem aumentando cerca de 10% por ano. “Penso em desenvolver tratamentos específicos para o sexo masculino, já que o mercado está se expandindo. Também estamos procurando atender a classe média que é outro público em potencial”.
Mercado promissor
O ramo de beleza está entre os segmentos que mais cresceram no Brasil em 2010 – cerca de 16%, segundo a consultoria especializada Rizzo Franchise. Com um faturamento no ano passado de R$ 9,1 milhões (8,3% maior do que em 2009), o mercado de estética deve crescer 14,5% em 2011. “Hoje a sociedade tem cada vez menos preconceito contra homens que se cuidam, o que torna esse público altamente promissor”, afirma Alain Guetta, presidente da Associação Brasileira de Franchising no Rio de Janeiro (ABF-RJ).
Os bons resultados vão além do sucesso das clínicas de estética, atingindo também o mercado de produtos de beleza. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal (Abihpec), o setor no Brasil vem apresentando expansão da ordem de 10% ao ano, tendo faturado em 2009 aproximadamente R$ 21,7 bilhões na comercialização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria.

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