Aumentar os seios e o bumbum com silicone, paralisar os músculos com botox, preencher os lábios e até afinar a cintura retirando algumas costelas ou usando espartilho: estes são apenas alguns dos recursos que se usam hoje em dia em busca da beleza. E com os avanços da medicina na área de estética, essa busca desenfreada por corpos e rostos perfeitos e o marketing exagerado de clínicas especializadas no assunto, as pessoas cada vez mais se rendem à cirurgia plástica. E não são só as mulheres que almejam um retoque aqui, um procedimento ali. Os homens, mesmo que timidamente, também têm aderido à prática. "Os homens ainda carregam dificuldades, apesar de hoje se cuidarem mais", diz o cirurgião plástico Alexandre Barbosa, de São Paulo.
Quando crianças e adolescentes, segundo Barbosa, os homens procuram a cirurgia plástica por problemas congênitos, como orelhas de abano e nariz grande. "Depois de adultos, aquele que opta por cirurgia plástica geralmente é o que vai para a academia, cuida dos cabelos, faz massagem, enfim, cuida da aparência. São os que buscam procedimentos como preenchimento facial, cirurgia de pálpebras e lipoaspiração, por exemplo." Auto-estima elevada e influência no mercado de trabalho são alguns dos aspectos positivos da cirurgia plástica para homens, como explica o cirurgião: "Quando você é bem apresentável, ganha pontos, além de que sentir-se jovial faz bem para a saúde e para o ego", disse o cirurgião em entrevista no programa "30 MINUTOS", da Rede NGT e ECOTV/NET-ABC.
Implante de cabelos é outro dos procedimentos procurados pelos homens, porém, o estigma do homem calvo tem mudado um pouco. Muitos jovens atualmente têm preferido ficar careca. "De 25 anos para baixo, o rapazes passam máquina zero para ficar careca", diz Barbosa.
Prótese de silicone mamária e lipoaspiração ainda são as cirurgias mais procuradas pelas mulheres, nos procedimentos invasivos. Nos não invasivos, botox e preenchimento são os campeões de procura. Já os homens optam mais pela lipoaspiração e o botox. "A procura por cirurgia plástica pelos homens vem crescendo nos últimos tempos", diz o cirurgião plástico Paulo Keiki Matsudo, de São Caetano, com clínica também em São Paulo. Assim como Barbosa, Matsudo também explica que o mundo do trabalho, que exige uma boa aparência, é um dos fatores que fazem homens renderem-se mais, hoje em dia, à cirurgia plástica. "Também o fato de ter esposa ou filhos que já tenham passado por algum procedimento pode ser um incentivo."
profissional
Mas toda essa busca por beleza requer cuidados. "É preciso entender que trata-se de um procedimento invasivo, e a mínima anestesia pode trazer implicações", alerta o cirurgião Barbosa. Ter referência do profissional e procurar conversar sobre a cirurgia, fazendo com que o profissional deixe tudo muito bem explicado, são alguns dos procedimentos que o paciente deve adotar.
O cirurgião Paulo Keiki Matsudo faz coro às recomendações do médico Alexandre Barbosa: "É preciso saber se o médico é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, há quanto tempo está atendendo no local - há muitos que vão mudando de consultório para não serem muito visados -, os títulos do cirurgião, tempo de experiência, além de conversar com outros pacientes, ver resultados de cirurgias feitas pelo profissional", diz Matsudo. Ter indicação de um médico da família é outro fator importante na hora de procurar um cirurgião plástico, na opinião de Matsudo.
"Há muitos aventureiros por aí, franco-atiradores, fazendo uso de títulos que não têm. Por isso têm ocorrido muitos problemas, e depois que acontecem, é complicado até de fazer a reparação."
As tão alardeadas novas técnicas que invadem páginas de jornais e revistas, para Matsudo, não condizem com a realidade. "Novas técnicas precisam ter embasamento em pesquisas científicas, e após algum tempo de observação, são apresentadas em um congresso, publicadas em revistas científicas, para serem avaliadas." Para o médico, as novidades não são tão comuns assim. "O apelo maior acaba sendo o marketing, aparecer na mídia e conquistar mais e mais pacientes. Por conta disso, o que se vê são profissionais que não são credenciados que muitas vezes acabam mutilando as pessoas. É importante não olhar o preço, mas o valor, a qualidade do profissional."
auto-estima
O paciente precisa ter consciência do que ele realmente busca. "O melhor paciente é o equilibrado, que vai em busca da auto-estima, que quer resgatar algo que o tempo levou", diz Matsudo. Assim, o resultado irá ajudá-lo a sentir-se melhor. "É preciso ter consciência de que a cirurgia não vai ajudar a arrumar marido, emprego ou voltar com o namorado."
Mais um motivo para que a escolha do profissional seja feita com cautela. O cirurgião deve analisar com sua experiência e ver se o pedido do paciente é cabível. "A internet, por exemplo, jamais vai superar uma consulta", afirma Matsudo, baseado no fato de que muitas buscam informações sobre cirurgias plásticas via computador. "O médico precisa entender não só o corpo como a alma do paciente."
Para o diretor de marketing Sérgio Mônaco, 53 anos, de São Caetano, a longa entrevista feita por seu médico foi fundamental para que ele decidisse por fazer uma cirurgia de pálpebras, quase dez anos atrás. "Ele me falou dos riscos, como seria o pós-operatório, e ainda traçou um perfil de como seria o resultado da cirurgia", diz Mônaco. O profissional foi recomendado por uma amiga, que já tinha passado por algumas cirurgias com ele. Além da competência do médico, segundo Mônaco, a disponibilidade dele também foi muito importante. "Se eu ligasse dizendo que algo estava estranho, ele pedia para eu ir ao consultório para me ver. Tive apoio antes, durante e depois da cirurgia."
Mônaco conta que optou pela cirurgia porque tinha a pálpebra "meio caída", e era comum as pessoas perguntarem se ele estava triste. "E muitas vezes eu estava no maior alto-astral." E para provar que homem também se preocupa com a estética, Mônaco em nenhum momento negou ou escondeu que tinha feito a cirurgia plástica. Contou para todo mundo e recebeu apoio de todos. "Hoje as pessoas não acreditam na minha idade, dizem que pareço mais jovem. E estou aberto para fazer outras cirurgias plásticas quando achar necessário."
Enquanto muitas mulheres estão colocando silicone para aumentar os seios, a comerciante Alessadra Alves dos Santos Tavares, 30 anos, fez redução de mamas no ano passado. "Por estética e porque sentia muitas dores nas costas", diz Alessandra, que passou de tamanho G para M. Feliz por agora poder abusar dos decotes, Alessandra conta que não tirava o sutiã nem para dormir, e agora não usa mais. "Antes eu não podia usar certos tipos de roupas. Hoje sou outra pessoa, minha auto-estima melhorou muito."
Alessandra também buscou referências do profissional antes de submeter-se à cirurgia. Uma amiga tinha boas referências do médico. "Ele conversou comigo e me perguntou se era isso mesmo que eu queria."
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